Deparei-me com a matéria de uma blogueira de perfumes. O texto me chamou atenção, pois a garota fazia seu manifesto contra perfumes unissex ou compartilháveis. Segunda ela, essa nova tendência acabaria com os perfumes claramente femininos ou masculinos. Seria um adeus às bombas florais e aos fougères viris, afinal, para serem compartilháveis, os perfumes precisariam agradar a homens e mulheres, como os aromáticos ou os gourmands.
Temo que a blogueira tenha captado a ideia de forma equivocada. A tendência não é de perfumes que agradem aos dois sexos, mas sim de perfumes sem o rótulo pour homme / pour femme ou for men / for women como antes da massificação da perfumaria. Ou seja, abaixo a pretensão de ditar a quem se destina o perfume!
É só observar o que acontece no mercado de nicho – os perfumes são concebidos conforme a inspiração do perfumista, deixando para o usuário a decisão da escolha. No mercado de nicho, os perfumes são ainda mais heterogêneos, variando de aromático florestal com tons animálicos a floral oriental gourmand.
A vantagem de não classificar perfumes por gênero é ampliar as possibilidades para o usuário. Por exemplo, dificilmente um homem provará um Baiser Volé de Cartier, localizado na prateleira feminina. O fato é que Baiser Volé cai muito bem para homens com seu aroma cítrico e floral fresco à base de lírio-do-vale. Já as mulheres costumam provar perfumes masculinos com mais frequência, mas não vejo muitas usando Dior Homme, um dos mais belos amadeirados à base de íris, lavanda, couro, patchouli e cacau.
Quando o assunto é perfume, somos mais que um gênero – somos uma personalidade única. Este é um assunto que, enquanto não entendermos de vez do que realmente se trata, virá sempre à tona, muitas vezes com resistência.
Relaxemos – a vitória é nossa.