Imagine que um perfume leve de um (nos Estados Unidos) a três anos (na França) a ser criado. Da ideia original ao lançamento, são inúmeras etapas de provas e ajustes, envolvendo muito tempo, dinheiro e energia.
O flanker é um atalho: toma-se como base o original para dar uma cara nova e aproveitar um nome que já é aceito e, portanto, automaticamente com alto potencial de venda. Um perfume comercialmente bem-sucedido é como uma marca dentro de uma marca. Poison, Coco e Infusion são marcas registradas de suas respectivas grifes, e nada impede que sejam replicadas em fragrâncias que nada tenham a ver com a versão tradicional.
Hoje em dia, lançar um perfume com nome inédito é praticamente como abrir uma nova empresa. O que Hypnotic Poison, Coco Mademoiselle e Infusion de Mimosa têm a ver com o original? Quase nada, o que acaba sendo um ponto positivo. Compor um perfume é como construir uma casa: primeiro faz-se a fundação, depois as paredes e, por último, o telhado. Fazer um flanker é mexer em uma parte da estrutura sem prejudicar a harmonia e desempenho (projeção e longevidade) da obra, e isso é muito difícil. Às vezes é mais plausível começar do zero. Há casos como N°19 Poudré, Dior Homme Intense e Shalimar Parfum Initial que foram totalmente reconstruídos por perfumistas que não estiveram envolvidos na versão tradicional.
Não há limites para a criatividade dos flankers. Quem se lembra de XS de Paco Rabanne (aquele transparente e inofensivo)? O XS original primeiro ganhou o flanker Black XS (chocolate), depois Black XS l’Excès (abacaxi), Black XS l’Aphrodisiaque (mel) e, finalmente, Black XS Potion (rum).
Analisando a lista de lançamentos dos últimos dez anos, percebe-se que quatro em cinco fragrâncias são flankers. É o mundo dos negócios sambando na cara da arte.